Neste artigo vou contar sobre os Perigos de Agrotóxicos, segundo a lei n° 7.802, de 11 de julho de 1989, presente na legislação Brasileira, o agrotóxico se caracteriza como “os produtos e os agentes de processos físicos, químicos ou biológicos, destinados ao uso nos setores de produção”.
Segundo esta mesma lei, os agrotóxicos e seus componentes precisam ser “previamente registrados em órgão federal, de acordo com as diretrizes e exigências dos órgãos federais responsáveis pelos setores da saúde, do meio ambiente e da agricultura”.
O uso principal do agrotóxico é para matar fungos, bactérias, insetos e outros seres que podem vir a ser danosos e comprometer as plantações, além de controlar o crescimento e o desenvolvimento das plantas e grãos.
Apesar destas vantagens, é importante ressaltar o fato de que são elementos químicos venenosos e altamente tóxicos cujo o uso podem desenvolver doenças diversas á aqueles que tiverem contato direto e indireto aos agrotóxicos e causar impactos ambientais gravíssimos.
Os agrotóxicos são utilizados desde muito tempo atrás como, por exemplo, os Sumérios que adotaram o uso de enxofre bruto para proteger as suas plantações de pragas. Mas esses agentes químicos tiveram o seu destaque durante a revolução verde.
A partir de 1940, surgiu a revolução verde que trouxe inovações tecnológicas para o meio agrícola e agropecuário, com o propósito de aumentar a produção alimentícia e dar um fim a fome pelo mundo que foi um dos problemas gerados pela segunda guerra mundial.
E entre essas inovações trazidas pela revolução verde, podemos citar os agrotóxicos. Porém, grandes empresas investiram bastante nesse meio capitalista, desenvolvendo defensivos agrícolas que poderiam matar não só as pragas, mas também os trabalhadores rurais, principalmente de países menos desenvolvidos.
Os agrotóxicos podem ser identificados como:
- Fungicidas: combatem os fungos. Exemplos: Benzimidazóis e Triazóis;
- Inseticidas: combatem os insetos. Exemplos: Organofosforados e Piretroides;
- Herbicidas: combatem as plantas. Exemplos: Glyphosate e Paraquat;
- Rodenticidas: combatem os roedores. Exemplos: Bromadiolona e Warfarin;
- Acaricidas: combatem os ácaros. Exemplos: Carboxamida e Benzoilureia;
- Formicidas: combatem as formigas. Exemplos: Maldrex e Citromax;
- Fumigantes: combatem as bactérias. Exemplos: brometo de metila e cloropicrina.
Quais os Perigos de Agrotóxicos?
Os agrotóxicos combatem as pragas por meio do contato ou ingestão. A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) os classifica como:
- Extremamente tóxico: representado pela cor vermelha, pode ser fatal ao contato, ingestão ou inalação;
- Altamente tóxico: representado pela cor amarela, pode causa intoxicações e doenças crônicas caso haja contato, ingestão ou inalação;
- Medianamente tóxico: representado pela cor azul, pode vir a ser nocivo caso haja contato, ingestão ou inalação;
- Pouco tóxico: representado pela cor verde, não apresenta risco e nem recomendações.
O Brasil é considerado o país que mais utiliza agroquímicos no mundo, são cerca de 2.201 agrotóxicos registrados no Brasil, dos quais, muitos são proibidos em outros países. O uso inadequado de agrotóxicos resultam em mortes e intoxicações pelo mundo todo.
O Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA) é responsável por monitorar a quantidade de agrotóxicos nos alimentos segundo o Limite Máximo de Resíduos (LMR) permitido por lei.
O PARA já constou que, entre os anos de 2017 a 2018, 51% de 4.616 amostras de frutas e legumes apresentam resíduos de agrotóxicos.
Porém, ainda há uma grande falta de fiscalização devido a grande demanda alimentícia brasileira e decorrente disso ocorre a venda ilegal de frutas, grãos, leguminosas e verduras sem seguir as normas de saúde.
O que os agrotóxicos podem causar a saúde?
Mesmo os alimentos que foram devidamente higienizados, ainda podem ter resquícios dos pesticidas. Isso ocorre porque os agrotóxicos penetram os tecidos vegetais. Segundo o Ministério da saúde, 64% dos alimentos no Brasil são contaminados por agrotóxicos.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) registrou cerca de 20 mil mortes anuais por uso de defensivos agrícolas por todo o mundo e somente no Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) registrou mais de 80 mil intoxicações por alimentos contaminados por agrotóxicos.
Os problemas de saúde causados pelo Perigos de Agrotóxicos podem ser tanto agudos, que são problemas de saúde cuja a evolução é rápida e de curso acelerado, quanto crônicos, onde o desenvolvimento é mais lento e possui uma duração maior.
Os problemas de saúde agudo que foram registrados devido a manejo de agroquímicos são: irritação na pele, tosse, coriza, ardências, desidratação, vômitos, diarreia, náuseas, alergias, dores no peito, falta de ar, e dores estomacais.
Já os problemas crônicos que foram registrados estão: insônia, esquecimento, impotência, dificuldade em gerar filhos, abortos, convulsões, depressão, malformações no feto e potencial desenvolvimento de cânceres e tumores.
É normal, pincipalmente em áreas rurais, que esses sintomas serem associados ao esforço físico ou à outras ações e não as intoxicações decorrentes do uso do agrotóxico.
Porém, é mais comum ainda que os trabalhadores rurais ou pessoas ligadas ao uso Perigos de Agrotóxicos nem ao mesmo busquem atendimento médico, já que muitas vezes não é levado a sério, pois muitos desconhecem o perigo que é a utilização desses venenos, levando muitos a óbito.
O Ministério da Saúde relata que a cada notificação de intoxicação por agrotóxico, existe outros 50 não notificados. Os agrotóxicos paraquate e glifosato são um dos mais utilizados no Brasil e são responsáveis pela morte de 214 brasileiros.
Perigos de Agrotóxicos e o desiquilíbrio ambiental
Além do desmatamento incentivado por grandes empresas, os agrotóxicos tem tido uma forte ligação com o desequilíbrio ambiental. Chega uma hora que o solo fica infértil, que a água fica contaminada e que os leitos hospitalares ficam cheios.
Um estudo realizado pela Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), apontou que o leite materno de mulheres diversas apresentavam contaminação por agrotóxicos, apesar que elas possuíam contato direto com o uso do produto e moravam em áreas urbanas.
Apesar da população e os demais seres vivos estarem submetidos aos riscos dos agentes químicos, o risco maior é com aqueles que trabalham diretamente com eles já que o contato é mais próximo.
Este risco é devido, principalmente, ao manejo e aplicação do agrotóxico sem os devidos equipamentos de proteção, tanto individual quando coletivo. A Anvisa reforça o uso de novas práticas agrícolas, já que o utilizado não visa a saúde em sim e apenas o lucro monetário.
A utilização de agroquímicos no setor primário vem crescendo cada vez mais e desenvolvendo uma dependência maior aos produtores devido a facilidade de compra e utilização.
Esse uso desenfreado, acarretou em problemas diversos como a questão da saúde, que já foi mencionado anteriormente, mas também devemos destacar os problemas ambientais, como a infertilidade do solo.
O contado como o agrotóxicos vem deixando o solo pobre em nutrientes o que faz o produtor optar por mais agrotóxicos e adubos químicos. O que compromete o solo ainda mais o deixando incapaz de produzir e sustentar qualquer ser vivo ali.
Além que o uso contínuo dos defensivos agrícolas podem fazer o oposto do que é esperado já que é uma característica dos seres vivos em evoluir diante uma ameaça, ou seja, o que era para combater, apenas vai estimular que as pragas se tornem mais resistentes.
Além do efeito em dizimar as pragas, os predadores naturais das pragas também sofrem com os efeitos colaterais do contato com agrotóxicos afetando a cadeia alimentar. A Fundação Oswaldo Cruz concluiu através de pesquisas que no Brasil é consumido, aproximadamente, 7 litros de agrotóxico por pessoa.
Contaminação da água
Uma das maiores contaminações ligadas ao agrotóxico é a da água. É gasto uma grande quantidade de água na produção de alimentos, estima-se que é usado 10 litros de água para cada litro de suco concentrado de laranja. E além deste desperdício, a água quando tem contato com o agrotóxico acaba se contaminando.
Sabendo-se do ciclo hidrológico, sabe-se que é provável que esta água contaminada chegue é algum corpo hídrico. Os malefícios decorrente disto são inimagináveis e precisam passar por algum tratamento apropriado o que muitas vezes, infelizmente, não acontece.
Através da irrigação, pode ocorrer tanto a infiltração da água, onde resulta na contaminação dos lençóis freáticos, ou pode acontecer o escoamento da água contaminada até rios e açudes, comprometendo os seres vivos, incluindo o ser humano, que utilizam e consomem a água ali presente.
Plantas aquáticas, peixes, mamíferos aquáticos, predadores de criaturas aquáticas e entre outros seres vivos tem sofrido com os efeitos do agrotóxico presente nas aguas. A limpeza desses corpos d’água, principalmente os aquíferos, podem levar anos e são extremamente complexos e caros.
Os agrotóxicos afetam a camada de ozônio?
Apesar que alguns seres vivos não morrerem devido ao contato com o agrotóxico, ele tende a se acumular no organismo e, através da cadeia alimentar, compromete os outros seres vivos. Devemos lembrar que isso também se adequa ao ser humano.
Devido a pesticidas em spray, o ar também fica comprometido, além de estimular no aumento do buraco da camada de ozônio, os Perigos de Agrotóxicos também causam intoxicações naqueles que o inalam.
O Brasil não Possui estrutura suficiente para tratar as águas e nem os outros meios que estão em contato com o agrotóxico, deixando assim explícito que é provável que a água que vem em nossa torneira pode ter agrotóxico.
Estudos apontaram que mesmo as águas que passam pela estação de tratamento possuí resíduos de pesticidas variados. O que serve como um alerta a saúde pública. No município de Limoeiro do Norte (CE) foi encontrado sete tipos de venenos nas águas da região, segundo uma pesquisa da Universidade Federal do Ceará (UFC).
O médico da UFMT, Wanderlei Pignatti, constatou “Não existe uso seguro de agrotóxicos. Uso de agrotóxico deve ser considerado como uma poluição intencional”.
Agrotóxicos são legalizados?
Muitos dos agrotóxicos legalizados no Brasil, são proibidos em outros países. A professora do departamento de geografia da Universidade de São Paulo (USP) afirmou “No Brasil é permitido resíduos de glifosato no café dez vezes maior do que é permitido na União Europeia”.
Foi comprovado que o glifosato é responsável por desenvolvimento de tumores e mortes em animais. E este mesmo produto é utilizado e legalizado na composição de agrotóxicos em níveis altíssimos aqui no Brasil.
Até mesmo o pasto para o consumo do gado possuí uso de agrotóxicos. Assim, até a carne e o leite presente nos animais também terão a presença de venenos letais.
Como se proteger dos agrotóxicos?
Algumas formas de evitar o envenenamento por agrotóxicos é sempre seguir as orientações presentes nos rótulos, utilizar os equipamentos de proteção individual e coletivo adequadamente, sempre tomar banho com água e sabão após a utilização e manuseio do produto químico, etc.
Também não é recomendado utilizar embalagens vazias, já que mesmo com a lavagem do recipiente, ainda haverá resíduos de agrotóxico. E obviamente, o agrotóxico deve ter um local de armazenamento próprio
Frutas e legumes muito “perfeitos”, onde não apresentam manchas ou machucados ou que são muito bonitos e brilhantes podem indicar uso de agrotóxico, nesse caso é importante lavar pelo menos duas vezes o alimento e remover a casca.
O Perigos de Agrotóxicos é preocupante, e por esse motivo muito optaram pelo consumo de produtos orgânicos, onde não é utilizado o uso de produto. Existem formas alternativas para a produção de alimentos, que não apresentam riscos tóxicos e letais para a vida na Terra.
Outra forma de combater o Perigos de Agrotóxicos, além de adotar um estilo de vida mais sustentável, é a disseminar os malefícios causado por ele e incentivar as pessoas a optarem por uma vida mais saudável possível.

O nutrólogo Roberto Navarro alerta a importância do consumo de alimentos livres de agrotóxicos.
É recomendável comprar suas hortaliças, frutas e legumes em locais confiáveis, onde é mais certo ter fiscalização e não haverá fraudes em relação a certificação da qualidade do produto orgânico.
O coordenador de Agroecologia do Ministério da Agricultura, Rogério Dias, afirma que existem 140 defensivos biológicos disponíveis no mercado. Além dos custos serem menores, existem receitas naturais onde qualquer pessoal pode fazer, sendo eficiente e não comprometendo a saúde de ninguém.
O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC) disponibiliza em seu site, a localização de todas as feiras orgânicas, para que assim a população possa comprar produtos mais baratos e saudáveis.
O uso destes venenos é um reflexo da globalização, onde as grandes corporações não se importam com a saúde da população e sim apenas com o lucro gerado. É uma questão lamentável, que no futuro, nossos filhos batalharão para reverter os problemas gerados pelo Perigos de Agrotóxicos, devido mentes capitalistas.